Pular para o conteúdo principal

O amadurecimento da democracia, por Walter Ihoshi







Neste mês de outubro, a Constituição Federal completou 25 anos com motivos para comemorar. Construída para trazer democracia ao país após quase duas décadas de regime de exceção, a Carta Maior de 1988 não só possibilitou aos brasileiros sonharem com um Estado respeitador de direitos e garantias individuais, como, de fato, iniciou uma transformação social.





Entre tantas conquistas, algumas valem ser relembradas. A Constituição criou o SUS, o Sistema Único de Saúde, o salário-mínimo para idosos e deficientes, acabou com a censura, reconheceu a união estável entre os casais. Fixou regras claras para os concursos públicos, determinou igualdade entre os homens e as mulheres, e entre irmãos - dentro e fora do casamento.
 
A Constituição foi tão avançada na garantia dos direitos individuais, que até hoje é considerada um das mais modernas do mundo. Justamente por isso, ganhou o titulo de constituição-cidadã.

Os benefícios trazidos por este documento são indiscutíveis. Mas na tentativa de atender a todos os segmentos da sociedade, a Constituição ficou grande demais e contemplou muitas ideias. Por conta disso, 112 dispositivos não foram regulamentos até hoje. Alguns artigos estão ultrapassados. E para atualizá-los, o Congresso já aprovou 80 emendas, das mais de 500 em andamento.
 
Acredito que Constituição deva ser um processo aberto, que permita ser adaptada de acordo com as necessidades reais do país. Mas diante de tantos “remendos”, e tantas leis que jamais saíram do papel, talvez seja o momento de o Brasil refletir, seriamente, a respeito de uma revisão constitucional.

Há muitos projetos polêmicos em trâmite no Congresso Nacional, como o voto facultativo a todos os cidadãos nas eleições. Também há textos que tratam sobre segurança, saúde, tributação e educação, e podem ser vitais para o amadurecimento democrático do Brasil.

Mexer na Carta Magna significa tomar uma decisão política fundamental sobre o futuro da nação. Não é uma tarefa fácil de ser executada, até porque deve ser feita com imensa cautela e responsabilidade. Mas deve ser considerada.

Somos uma democracia jovem, com apenas quatro presidentes diretamente eleitos para o cargo desde então. Se compararmos a países como Estados Unidos e França, por exemplo, em que o sistema democrático é centenário, o Brasil ainda engatinha, e tem tudo para atingir a democracia plena. Temos muito a aprender e a aperfeiçoar ainda.

Uma democracia não é uma ditadura da maioria. Também não é um sistema no qual se garante simplesmente o direito de votar nos chefes do poder executivo e nos membros do poder legislativo e de se candidatar a estes cargos. É muito mais complexo que isso. Por isso, as leis são tão importantes, e a Constituição, que rege todas elas, merece toda a nossa atenção.

Ainda há muitas violações dos direitos fundamentais em nosso país. No entanto, basta olharmos para o passado para saber que o Brasil está muito melhor do que três décadas atrás. Nunca tivemos um período com tanta estabilidade democrática, com tanta liberdade de imprensa e com tantos corruptos sendo processados e julgados. A Constituição de 1988 mudou a história para sempre. E hoje podemos dizer com orgulho: nunca fomos tão democráticos.


WALTER IHOSHI
Deputado Federal
(PSD/SP)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No quinto livro de Cláudio Amaral, "Meus Escritos de Memória", a história do grande jornalista

 LANÇAMENTO: EDITORA PATRIANI. PRÉ-VENDA COM 25% DE DESCONTO https://www.editorapatriani.com.br/prevenda-memoria No quinto livro de Cláudio Amaral, intitulado Meus Escritos de Memória, o autor, que é Jornalista e Biógrafo, narra a vida dele ao longo de 75 anos, desde a infância em Adamantina, Interior de São Paulo, até as experiências em cidades do Brasil e do exterior, incluindo países como Argentina, Uruguai, Portugal, Espanha, Itália, México e Estados Unidos.  Amaral compartilha detalhes sobre a respectiva trajetória, marcada por dificuldades, incluindo uma infância pobre e a necessidade de ter múltiplas atividades profissionais para o sustento dele e da família que constituiu a partir de 5 de Setembro de 1971 ao lado da esposa Sueli. Um dos momentos mais significativos dessa vida foi a luta para comprar o primeiro imóvel, em meados dos anos 1970, quando ele precisou recorrer a adiantamentos para conseguir juntar a entrada do apartamento. O autor pode ser visto como um exemplo de pe

Vereadores aprovam o Dia do Karatê, em Marília

  Os vereadores de Marília aprovaram, nesta segunda-feira, dia 25 de novembro, todos os itens da pauta da Ordem do Dia.   O primeiro item a ser aprovado foi o Projeto de Lei Complementar n° 29/2024, do Vereador Luiz Eduardo Nardi (CIDADANIA), modificando a Lei Complementar n° 42/1992 - Código de Obras e Edificações do Município, estabelecendo regras para construção no alinhamento.   Logo depois, os vereadores aprovaram o Projeto de Lei n° 97/2024, de autoria do vereador Elio Ajeka (PP), que denomina Rua PAULO MASATOCHI HIGUTE a via pública com origem na Avenida Benedito Aparecido Barbosa, aprovada pelo Decreto n° 14211/2023.   Também foi aprovado o Projeto de Lei n° 103/2024, também de autoria do vereador Elio Ajeka (PP), que modifica a Lei n° 7217/10, referente a datas comemorativas e eventos do Município de Marília, incluindo o "DIA DO KARATÊ", no dia 25 de outubro.   Ainda de autoria do vereador Dr. Elio Ajeka, foi aprovado o Projeto de Lei n° 106/2024, con

Servidores da Saúde e da Educação participam do ciclo de palestras e debates sobre o autismo

Capacitação aconteceu em dois períodos, na sexta-feira dia 22 de novembro, no anfiteatro da reitoria da Unimar   Médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais da Secretaria Municipal da Saúde de Marília e professores da educação especial da Secretaria Municipal da Educação participaram na sexta-feira, dia 22 de novembro, do ciclo de treinamento e plenárias organizado em Marília pelo TEA Itinerante, um projeto de âmbito internacional que conta com a participação de psiquiatras de Marília e também do Estado do Acre.   A iniciativa, organizada pelo Programa Municipal de Saúde Mental de Marília, foi dividida em dois períodos: período da manhã, voltado às equipes multiprofissionais dos Caps (Centro de Atenção Psicossocial), assistentes sociais e educadores, e período da tarde, quando participaram médicos e as equipes dos núcleos prestadores de serviços - a exemplo da Apae, Clínica Aconchego e também Espaço Potencial.