JOSIAS DE SOUZA
COLUNISTA DA FOLHA DE S. PAULO
É linda a briga iniciada com a decisão da multinacional alemã Siemens de colaborar com as autoridades para abrir o portal que leva ao cartel que fraudou concorrências no Brasil. A beleza da contenda foi potencializada pela decisão do Ministério Público de inaugurar em São Paulo uma força-tarefa para destravar 45 inquéritos.
Um governo, como se sabe, é o que sobra para ser desenterrado dez anos depois. No poder estadual desde 1995, o tucanato de São Paulo tem o antiprivilégio de assistir em vida à exumação de quase duas centenas de contratos firmados sob suas asas. A presença dos procuradores pode melhorar a qualidade do enredo, despolitizando-o.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) insinua que, submetido ao ministro petista José Eduardo Cardozo (Justiça), o Cade, órgão federal que se entendeu com a Siemens, administra um segredo de polichinelo. “É um sigilo estranho, porque todas as informações estão na imprensa”, disse. O governo paulista foi à Justiça para obter os dados. O pedido foi negado. Haverá recurso.
Candidato à reeleição, Alckmin serve-se do “eu não sabia”, hoje um bordão suparpartidário. Se houve cartel, diz ele, o Estado é vítima e buscará o ressarcimento. Em condições normais, a providência soaria frágil. Levando-se em conta tudo o que já havia sido noticiado em 2008, torna-se fragilíssima.
Naquele ano, autoridades francesas e suíças varejaram os porões da Alstom. Encontraram sólidos indícios de pagamentos de propinas, algumas delas no Brasil –parte em São Paulo, parte na esfera federal. O tucanato prometeu pratos limpos. Serviu uma operação abafa-CPI. Chega à ante-sala de 2014 às voltas com um pesadelo do qual tem dificuldades para acordar.
É linda a briga iniciada com a decisão da multinacional alemã Siemens de colaborar com as autoridades para abrir o portal que leva ao cartel que fraudou concorrências no Brasil. A beleza da contenda foi potencializada pela decisão do Ministério Público de inaugurar em São Paulo uma força-tarefa para destravar 45 inquéritos.
Um governo, como se sabe, é o que sobra para ser desenterrado dez anos depois. No poder estadual desde 1995, o tucanato de São Paulo tem o antiprivilégio de assistir em vida à exumação de quase duas centenas de contratos firmados sob suas asas. A presença dos procuradores pode melhorar a qualidade do enredo, despolitizando-o.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) insinua que, submetido ao ministro petista José Eduardo Cardozo (Justiça), o Cade, órgão federal que se entendeu com a Siemens, administra um segredo de polichinelo. “É um sigilo estranho, porque todas as informações estão na imprensa”, disse. O governo paulista foi à Justiça para obter os dados. O pedido foi negado. Haverá recurso.
Candidato à reeleição, Alckmin serve-se do “eu não sabia”, hoje um bordão suparpartidário. Se houve cartel, diz ele, o Estado é vítima e buscará o ressarcimento. Em condições normais, a providência soaria frágil. Levando-se em conta tudo o que já havia sido noticiado em 2008, torna-se fragilíssima.
Naquele ano, autoridades francesas e suíças varejaram os porões da Alstom. Encontraram sólidos indícios de pagamentos de propinas, algumas delas no Brasil –parte em São Paulo, parte na esfera federal. O tucanato prometeu pratos limpos. Serviu uma operação abafa-CPI. Chega à ante-sala de 2014 às voltas com um pesadelo do qual tem dificuldades para acordar.
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