Apesar do constante progresso, da
evolução do PIB e do aumento do poder aquisitivo da população, os problemas da cidade continuam os mesmos de 4 anos atrás. O poder público ao que se apresenta manteve-se tímido na solução dos problemas
macro-sociais, deduzindo-se que o mandato passado foi marcado por uma agenda
estagnada, cujas folhas ficaram em branco. Essa é avaliação do MARILIA EM DEBATE que analisou a movimentação da pauta de necessidades
e problemas da população de quando o então prefeito Mário Bulgareli assumiu o
governo municipal em 2009, reeleito que fora em 2008 para um mandato de 4 anos,
que não cumpriu até o final, renunciando em janeiro do ano passado. O prefeito atual, Vinicius Camarinha, encontrou só dores de cabeça e abacaxis para descascar. Vale a pena ler o diagnóstico.
Saúde
Rede básica de saúde comprometida
com falta de médicos, atendentes e enfermeiros;
inexistência de remédios para diabetes e pressão alta, dentre outros,;
inadequações nos prédios públicos comprometendo o atendimento; condições
insalubres abaixo do tolerável; insumos incipientes para o manuseio humano; equipamentos
obsoletos incongruentes com o diagnóstico de patologias; distanciamento das
unidades dos focos populacionais de maior demanda.
Esse era o quadro que se
apresentava na mesa do prefeito Mário Bulgareli no primeiro dia de seu mandato,
exatamente em 1/1/2009. Quatro anos depois, no anunciado fim de um mandato
que não deixa saudades e começo de uma nova era com o prefeito Vinicius Camarinha, a saúde vive um verdadeiro caos. A administração passda não
teve capacidade para equacionar problemas de fácil resolução como a readequação
dos prédios para melhor acolher os pacientes. Foi incapaz também no
oferecimento de condições salariais dignas para os profissionais da saúde,
levando-a uma greve por tempo indeterminado.
O então Secretário da Saúde, Julio Zorzeto, por mais boa intenção que tivesse,
não foi suficientemente capaz de dar atendimento a demanda crescente de
necessidades da população. Transformou a área da saúde em um ocaso. E o que
mais chama a atenção : o orçamento destinado à Saúde é o maior do município
absorvendo 2/5 da receita municipal. O que se observou foi o inchaço da máquina
administrativa, com loteamento de cargos que se espalham por todos os
quadrantes da Pasta, inchando a folha salarial e sobrecarregando os cofres
públicos. Na prática, nem Zorzeto nem
Bulgareli e menos ainda Toffoli, que só teve 7 meses de governo, tiveram competência para gerir o
dinheiro farto em prol do real atendimento das necessidades primárias da
população.
O desafio que se coloca à frente para o prefeito Vinicius interpõe
vontade de fazer, de acertar, de sensibilizar-se perante as pessoas, apesar das condições adversas que herdou.
Habitação
Com a migração de centenas de
famílias para Marília atraídas pelo crescimento da cidade e promessa de abundância de empregos, Marília
ficou aquém e diminuta para o aumento populacional. Não houve projeção de
crescimento, inexistiram estudos de viabilidade econômica para receber esses
migrantes. Falhou a administração passada na cautela da recepção dos “novos
marilienses”. Em outro aspecto, o tão sonhado e prometido desfavelamento não
saiu do papel. Promessa primeira do ex-prefeito Mário Bulgareli, com o objetivo
de resgatar populações desasssistidas da sorte, permaneceram às margens, nos
guetos, nas favelas. Ao menos, 6 mil famílias padecem nos escombros da miséria,
distantes dos palacetes da elite mariliense. Dados e quadros de janeiro de
2009. Passados os anos, o desafio que se coloca para o prefeito Vinicius é investir
em moradia, abastecimento de água e escolas para absorver esse inchaço
migratório, positivo, claro, mas não mensurado. E de outra forma, o novo
prefeito deve promover esse decantado projeto de desfavelamento, sob risco de
ver aumentar sob seu nariz, a legião de excluídos.
Meio ambiente
Incompetência com desperdício
público. Assim, o prefeito Máio Bulgareli assumiu o governo municipal, herdeiro
de si mesmo e de sua incapacidade gestora, com o objetivo de equacionar o
problema do lixão na cidade. Inquietude dos ambientalistas, com promessa de
resolução em 4 anos. O tempo passou, o local destinado ao despejo do lixo
urbano ficou incipiente e nada se fez. Como alternativa, criou-se uma despesa
anual de 9 milhões de reais para o transbordo do lixo produzido pelo mariliense.
Setenta mil toneladas que já não cabem mais no aterro sanitário de Avencas. Uma
questão ambiental de grande impacto que não foi cuidada na sua administração.
Foi levada de “barriga”, demonstrando incompetência gerencial. Sem falar no
desmazelo com o bosque municipal que conforme denuncia trazida pela imprensa, diante da infestação de
gatos, propicia graves riscos à saúde pública. Sem falar ainda na falta de
tratamento de esgoto, que é tema do próximo tópico. O prefeito Vinicius terá o
trabalho de tornar verde o que é cinza nos céus de Marília.
Esgoto
Aproximadamente 70 milhões de reais
foram enterrados na promessa do tratamento de esgoto no município de Marília.
Dinheiro suficiente para que as obras fossem iniciadas e concluídas. Contudo,
tudo em vão, o dinheiro foi parar literalmente no ralo. Criou-se uma dívida monstruosa e os gestores municipais que contaram nota por nota desse
montante e o manusearam, não sabendo aonde o puseram, foram infelizes na sua
aplicação. O esgoto corre a céu aberto e a cidade está entre as maiores
poluidoras do aquífero Guarani, maior bacia de água pura do mundo. Nada de
obra, nada de tratamento do esgoto. Os anos se passaram e dois governos anteriores foram carimbados com o rótulo de “perdulários do dinheiro público”. Agora, outros 108 milhões de reais estão a caminho. A presidente Dilma Roussef já deu o aval para
a liberação dos recursos. O Daem se esforça para acelerar o processo
licitatório e concretizar a promessa.
Água
Marília cresceu e por conta da
chegada de novas indústrias e implantação de moradias, o consumo de água saltou
de forma exasperada. O poder público não
se preparou nos anos anteriores para o surgimento de uma Marília moderna,
pujante, progressista. Quedou o prefeito Mário Bulgareli na busca de
alternativas para aliviar o sofrimento da população. O tão esperado núcleo de abastecimento do
Ribeirão dos Indios consumiu 5 milhões de reais e não chegou a lugar algum.
Sequer um duto foi feito. Anteriormente, o ex-prefeito Salomão já enterrara
outros milhões de reais em perfuração de poços profundos, que por incapacidade
de engenheiros e ausência de projetos eficazes, faziam as brocas pararem em
rochas submersas. Desafio que se interpõe para o atual chefe
do executivo é criar alternativas como perfuração de poços profundos com vazão
média de 200 mil litros/hora em pontos estratégicos da cidade para contrapor a
demanda da população. O Daem é gestor de
seu próprio dinheiro e tem picos de arrecadação altíssimos. Dava pra fazer.
Faltou vontade.
Trânsito
Marília tem um dos trânsitos que
mais assassinam no país. Somente em 2012, 53
mortes. Uma estatística que impressiona. Sequer a cidade tem um engenheiro de trânsito.
Nunca teve. A Emdurb, gestora do tráfego urbano, é morta na resolução do
problema. Crucial que o prefeito Vinicius extingua a Emdurb pois não cumpriu
qualquer um dos compromissos para os quais foi criada. Nem promoveu o
desenvolvimento, nem o crescimento habitacional e sua infra-estrutura, tão
pouco alinhavou políticas de trafegabilidade. Pior, não teve capacidade para
trocar as lâmpadas dos semáforos queimados. Não terá outra alternativa. A Emdurb se
transformou em um cabide de empregos. O órgão serviu apenas para abrigar
apaniguados do poder central. Exceto por um projeto, o Viva Feliz sem
Acidentes, a cargo de Nelson Feitosa, herói solitário dessa causa, a Emdurb
nada fez. Mas, Marília se tornou infeliz
com tantos acidentes, urgindo que o prefeito Vinicius de fato
tenha peito para atropelar os que se colocam no caminho da renovação.
Empregos
O presidente do Sindicato dos
Empregados no Comércio de Marília, Mário Herrera, é useiro e vezeiro de
uma divulgação pró-ativa, de
estatísticas sobre empregabilidade no comércio. Mensalmente, chama a imprensa e
anuncia os números de demissões e admissões nas lojas da cidade. Procedimento
que poderia ser adotado pelos demais porque é um norte para se checar a realidade
do emprego no município. Ao menos,
tem-se por parâmetro que apesar do acentuado número de demissões, a cidade se
“garante” e ainda absorve mão de obra migrada de outras regiões e estados. Não obstante esse patamar positivo, muito há
por fazer o próximo gestor. E um dos pilares
é implantar uma nova política pública para geração de empregos. De que
forma ? Desonerando tributos das empresas, diminuindo cotas de ISS, retirando
da informalidade os ambulantes e os resgatando do anonimato.
Máquina governamental
Marília hoje está entre as cidades
que mais relação de servidores públicos por habitante enseja na questão da proporcionalidade. Uma
máquina pesada, gigante, burocrática, que se arrasta em normas, regulamentos,
portarias e circulares. Mais do que
isso, totalmente travada e que não disponibiliza aos cidadãos, resolução de
seus problemas mais rudimentares. Ao longo dos anos, foi sendo inchada com
apadrinhamentos políticos, perto de 500 comissionados. Alguns, eficazes,
outros, fantasmas. Isso é fato. De 5 mil
funcionários em 2004, a cidade saltou para 7 mil em 8 anos. Um crescimento “vergonhoso” de 30% que
implica em oneração da folha de pagamento, insustentabilidade orçamentária para
fazer frente à demanda “política”, chegando a criar riscos quanto à capacidade
de pagamento. Factível o entendimento do gestor necessitar de quadros de
confiança disponibilizados pelos comissionamentos. Ignóbil,porém, valer-se
disto para “quebrar” a prefeitura. E é o que aconteceu na gestão passada. O clientelismo que nasce do coronelismo fez
escola na prefeitura de Marília e dá a tônica no departamento de gestão de
recursos humanos, que não tem culpa da aceleração do processo de contratações.
Eram ordens do senhor ex-prefeito. Eram funcionários contratados para atender exclusivamente demandas políticas. Exceto a Educação no
município, os demais setores ficam a dever. Um corte na carne se fez necessário quando o prefeito Vinicius anunciou medidas drásticas para equilibrar o custeio da máquina governamental.
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