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Gestão do “Arrocha” imprime tardiamente ritmo duro na condução da máquina pública. Se tiver 2a. chance, Toffoli deve adotar pragmatismo petista e critério da lealdade.


Não se discute a boa vontade do prefeito Ticiano Toffoli em reorganizar a casa, honrar o compromisso de colocar em ordem tudo que se propôs fazer, notadamente, manter o equilíbrio financeiro, honrar o pagamento dos quase 7 mil servidores, fazer a transição para o futuro prefeito – seja lá quem for -. Todavia, a gestão do “Arrocha” como mais ficou conhecida nos últimos dias em decorrências de medidas austeras a que se propôs fazer, com sapiência, adotada pelo Partido dos Trabalhadores, vem tardiamente impressa no Diário Oficial do Município.
A 40 dias da despedida governamental, a população mariliense tem plena consciência de que o prefeito Toffoli não poderia fazer milagres em tão pouco tempo em que esteve à frente da prefeitura. O buraco era grande demais para que fosse tapado. Nem caminhões de terra de boa vontade que teve de sobra foram suficientes para acabar com a voçoroca que tomou conta das finanças da municipalidade.  Toffoli renegociou dívidas, conseguiu entregar obras prioritárias revendo contratos, buscando economia, mas induzido a erro, promoveu um sem número de contratações desnecessárias e excessivas nos meses em que governou a cidade.
Dados extra-oficiais indicam que teria sido levado por tecnocratas a contratar centenas de servidores públicos concursados quando a ordem extrema era tocar o barco com a tripulação que tinha. Mas, não teve culpa. A tecnocracia predomina em toda máquina pública e faz o gestor se confundir. Os gastos aumentaram, a folha de pagamento inchou e não serão os técnicos a pagar a conta.
Outro pecado cometido foi manter nos altos escalões, gente extremamente ligada ao comando nocivo pelo qual a população sofreu agruras no passado recente. Ao assumir, tinha que cortar ainda que na carne. Foi condescendente. Quis ser diplomático, tolerante, urbano, até pela sua formação democrática.
Em dado momento, sem ter a quem apelar, teve que buscar fora gestores primorosos da competência do chefe de gabinete, Márcio, do secretário da fazenda, Alexandre, embora o PT local pudesse lhe indicar quadros capazes para outras áreas afins.
Sua marca maior foi a honestidade. Não se pode falar o contrário de Toffoli.  Toffoli se despede, a princípio, com a satisfação do dever cumprido. Se a Justiça lhe conceder nova oportunidade de submeter-se ao crivo popular e em sendo (re) eleito, alçar o centro do poder novamente, certamente vai fazer tudo diferente. Não vai cair mais na onda dos que na sexta-feira fazem despacho e domingo, vão à missa. Poderá governar por si, com tempo para fazer as coisas como gostaria.
Se de todo, a Justiça ratificar o resultado das urnas decorrentes dos votos abstraídos em 7/10, Toffoli mesmo assim terá aberto o caminho da sua liderança inconteste para 2014.
O “Arrocha” é necessário, claro. Pena que veio tarde. Sobre os carros oficiais, por exemplo, de março até meados do decreto que expediu essa semana, muitos eram vistos nos finais de semana ou em horários impróprios a bel prazer de seus condutores. Celular corporativos com contas nas alturas. Inchaço da máquina pública foi pecaminoso. O corte de 40 cargos comissionados acabou forçando indenizações a quem os ocupava, pois tem direito a receber as verbas rescisórias. Não mexeu na Emdurb que deve ser extinta, pois não tem qualquer finalidade, hoje. Peca por omissão no ordenamento do trãnsito. A Codemar com Sandro Espadoto mostrou que é viável. O Daem tem recursos próprios e merecia na direção contar com um dirigente que pudesse ajudar na governabilidade.
A Câmara se perdeu e faltou gente como o vereador José Luiz Dias Toffoli, o Trovão, a cerrar fileiras pela ética. Ter vereadores do PT era ponto de honra. Já se poderia ter pensado há mais de um ano em trazer vereadores para o partido. Inexistiram investimentos do partido em mídias próprias, cujos planos propostos à legenda foram completamente desprezados e ignorados, como se a imprensa não tivesse a grandeza que tem.
Sobretudo, a receita do bolo embatumado (leia-se derrota eleitoral)  foi elaborada por gente que não comunga a cozinha petista. Tivesse um chef petista de verdade, de carteirinha, ideólogo, pragmático, o resultado seria outro.
Pecou-se ainda pelo arrastão de asfalto nas últimas semanas. O povo lembrou que isso fora feito no passado e se sentiu enganado, apesar das boas intenções. Mas, no afogadilho, foi a única idéia executável com visibilidade depois de se fechar as portas da campanha para quem queria ajudar. Toffoli deixa o governo e pode fazê-lo de cabeça erguida. Fez o que era possível fazer. Lamentável a saída de seu braço direito, Beca, no meio do caminho. Deveria permanecer ainda que morressem todos afogados. Isso se chama companheirismo.
Governar a máquina exige técnicos. Mas, manter a máquina governável exige lealdade dos pares. Muitos foram desleais a Toffoli e na sua bondade,  não enxergou ou não quis enxergar. Se restar mais uma chance, Toffoli deve fazer tudo diferente. A começar por manter ao seu lado gente de confiaça extrema e leal.  Mas, Toffoli seguramente já é um vencedor, não teve medo de assumir uma prefeitura em frangalhos, foi além do que muitos imaginavam e sai realmente como dito antes, de cabeça erguida. 

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