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MARILIA ENTRE AS CIDADES MAIS VIOLENTAS DO PAIS CONTRA SUAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES



DADO ALARMANTE

MARILIA ENTRE OS MUNICIPIOS QUE MAIS COMETEM VIOLENCIA FISICA CONTRA SUAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL
Enquanto boa parte da classe política se apropria do dinheiro público, em atos de corrupção que ficam impunes, inexistem casas abrigo, instituições como o Conselho Tutelar padecem de estrutura para trabalhar , Marília ganha o status de ser uma das cidades que mais violência física comete contra suas crianças e adolescentes. Os dados alarmantes e estarrecedores fazem parte de um estudo organizado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos. Todo o trabalho foi coordenado por Julio Jacobo Waiselfisz, que formou-se em Sociologia pela Universidade de Buenos Aires e tem mestrado em Planejamento Educacional pela Universidade Federal de Rio Grande do Sul. Atuou como professor em diversas universidades da América Latina. Também desempenhou-se como consultor e especialista de diversos organismos internacionais, como o PNUD, OEA, e IICA, OEI, além de exercer funções de Coordenador Regional da UNESCO no Estado de Pernambuco e Coordenador de Pesquisa e Avaliação e do setor de Desenvolvimento Social da mesma instituição, Coordenador do Mapa da Violência no Brasil. Atualmente é Coordenador da Área Estudos sobre a Violência da FLACSO Brasil sendo que tal pesquisa contou com a assistência de Cristiane Ribeiro. O estudo preliminarmente apontou que crianças e adolescentes na faixa de 0 a 18 anos de idade constituem um contingente de exatas 59.657.339 pessoas, segundo o Censo Demográfico de 2010. Representam 31,3% da população do país. São, pelas definições da lei, 35.623.594 de crianças de 0 a 11 anos de idade – 18,7% do total do país – e 24.033.745 de adolescentes na faixa dos 12 aos 18 anos de idade: 12,6% da população total. Trata-se da maior pesquisa já realizada no gênero, no Brasil. O levantamento aponta dentre outros dados relevantes, o índice de violência física contra crianças e adolescentes nos municípios. E trágico : Marília é ranqueada em 55º lugar dentre mais de 5,5 mil cidades existentes no Brasil. A conclusão é ácida : a sociedade mariliense maltrata sua infância e sua juventude. São casos escabrosos sobretudo vividos dentro dos lares, onde pais e padrastos violentam, abusam e agridem inocentes. Com 60 mil habitantes nessa faixa etária, Marília revela um índice de 80 atendimentos por 100 mil decorrentes da violência física, com parâmetros estatísticos de 2011, ou seja, recentíssimos. O intervalo de idade pesquisado vai de 1 a 19 anos. Marília supera cidades como Guarulhos, Uberlândia e Feira de Santana, bem maiores, só para se ter uma idéia. Para os pesquisadores, esses dados permitem inferir que existem municípios que atuam como verdadeiras usinas na produção de violências contra crianças e adolescentes, tamanha a concentração de incidentes que registram. Os casos de Marília podem ainda estar subnotificados pois a violência doméstica contra as crianças e adolescentes muitas vezes não é comunicada à polícia. A própria família com medo ou vergonha de exposição do problema perante a sociedade camufla a realidade. Na maior parte dos casos, como crimes de violência física são apenados minimamente, os agressores sequer ficam presos e continuam molestando esses grupos de risco indefinidamente. Muitas vezes, por serem os pais ou padrastos os algozes da infância e da adolescência, esses jovens acabam definhando dentro de casa, espancados que são todos os dias. Dois casos emblemáticos chamaram a atenção nesses últimos anos, em Marília. Um de uma criança que vinha sendo agredida com crueldade em uma área rural no município, que necessitou a intervenção de um policial civil e de conselheiras tutelares que puderam resgata-la a tempo de ser encaminhada aos avós, livrando-se sã e salva das garras dos agressores, quais eram, os próprios pais. E outro, mais recentemente, cuja criança depois de ser espancada constantemente pela mãe, com marcas de queimaduras, pontas de faca e hematomas, procurou por meios próprios o Cacam e ali se abrigou. Mas, Marília registra no submundo da violência doméstica, não dezenas, mas centenas de casos ao ano. O estudo é extenso, batizado de Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil, é um verdadeiro trabalho sociológico do caos instaurado no país, sobretudo em Marília, onde impera a maldade contra seres inocentes. E o mais lamentável é a inexistência de uma blindagem social que ampare e conforte essas vítimas. É notório que a delegacia especializada no combate à violência doméstica não oferece estrutura para dar cabo de tantas denúncias. O sindicato dos policiais civis, Sinpoeste, já denunciou em várias oportunidades, a deficiência de recursos humanos para fazer frente as demandas. Luta pela valorização dos profissionais que atuam de forma abnegada, que são em número reduzidíssimo. Casas abrigos que poderiam amparar essa faixa etária são apenas duas, o Cacam, mantida por uma entidade particular e beneficente que é o Rotary Clube e outra, que sobrevive às custas da prefeitura de Marília, pois sendo obrigação do governo estadual, nada recebe, mas que mantém menores infratores misturados às crianças desamparadas. O Conselho Tutelar que atua no cerne da questão dispõe de apenas 12 profissionais para atender a 55ª. cidade mais violenta do Brasil no tocante as agressões perpetradas contra crianças e adolescentes, em um contexto de 230 mil habitantes, 60 mil na faixa vitimada, ou seja, de 1 a 19 anos. O que equivale a dizer que cada conselheiro teria que estar disponível para atender 5 mil potenciais vítimas. Missão impossível. Nem mesmo veículos decentes possui para incursionar em áreas íngremes. Na outra ponta, infratores recebem atendimento vip do estado e são encaminhados em abrigos de luxo, como o que vai ser inaugurado em breve, na rua Alvares Cabral. Já as vítimas contam com apoio voluntário de entidades espíritas como o Lar de Meninas Amelie Boudet ou a Filantrópica, que sobrevivem com dificuldade. A Secretaria da Juventude do município não conta com práticas de políticas públicas focadas nesse atendimento. Veste-se mais de apetrechos culturais do que sociais. E dentre os candidatos a prefeito, até agora não se leu qualquer linha que vislumbre uma ação futura e efetiva para amparar nossas crianças e adolescentes.  FONTE : JORNAL CIDADE

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